quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Cheia de Assunto - Por Guilma Vidal Viruez


Dado, Informação, Conhecimento e Sabedoria

          Você andando na rua, sente um pingo de água na cabeça. Pensa que é pingo de ar condicionado. Olha para o céu, vê nuvens pretas, ouve um trovão. Percebe que é chuva. Apressa o passo e decide o que fazer, abrigar-se numa marquise, chegar ao Metrô, tomar chuva.
          Nessa historinha, o pingo d´água é o dado. A percepção da chuva é a informação. O medo de se molhar e pegar gripe é o conhecimento. A decisão de como se abrigar é a sabedoria.
          Um exemplo, no reino animal, o relacionamento cangambá e urso.
          O cangambá é parente muito próximo do zorrilho (RS) e da jaguaritaca (MG). Possui no corpo uma reserva de um líquido catinguento, tão forte que é usado como fixador de perfume e que pode ser lançado no oponente, num alcance de até 3 metros. Se acerta, o inimigo sempre desiste da luta.
          Mas o cangambá só usa esse recurso quando falham todos os avisos que dá, como escavar o chão, dar pulinhos e cambalhotas e principalmente exibir as listras brancas na cabeça, dorso e rabo, que avisam que possui o tal líquido. Tudo para que o predador desista. Isso porque o cangambá só pode usar o líquido três vezes seguidas. Depois disso, são necessárias dez horas para recompor o estoque do produto, tempo em que fica muito vulnerável.
          Já o urso tem um dos melhores sensos de olfato no reino animal. Fareja longe o odor das frutas das quais se alimenta. Se encontra qualquer animal no caminho de seu petisco, ele o elimina imediatamente. Entretanto, sempre que avista as listas brancas do cangambá, ele evita o animal, aparentemente lembrando-se do odor que uma vez sentiu.
          Assim, não basta ao cangambá possuir uma arma secreta, ele anuncia que a tem e evita usá-la inutilmente. Quanto ao urso, evita confronto com um animal capaz de destruir, mesmo que temporariamente, seu apuradíssimo olfato.
          Assim: Animal de listas brancas = Dado; Animal de listas brancas possui líquido catinguento = informação; Líquido catinguento dura muito e destrói olfato= Conhecimento; Não atacar animal de listas brancas com líquido catinguento= Sabedoria.

CENAS NA BIBLIOTECA

No Centro de Documentação (1)

O Coordenador Geral, historiador famoso e já bastante idoso, chama o contínuo e dá-lhe a seguinte incumbência: “Vá ao Banco X, Banco Y e Banco Z, faça esses pagamentos e retire esses cheques. Volte antes do meio dia, que pretendo viajar. O contínuo responde: “É ruim, hein?”. O historiador, perplexo, pergunta: “Como? ”. O contínuo repete: “É ruim, hein?”, dá de ombros e sai. O historiador chama a bibliotecária: “O que ele quis dizer com “É ruim hein?” A bibliotecária responde: “Bom, eu acho que que ele quis dizer que o senhor lhe deu muitas incumbências diferentes em diferentes bancos, hoje é dia 10, dia de pagamento, as agências estão lotadas e ainda por cima o senhor pediu que ele voltasse antes do meio dia. Ele acha difícil conseguir, mas vai tentar”. O historiador, perplexo, exclama: “E ele disse isso tudo com três palavras e um gesto? É espantoso! ”.

No Centro de Documentação (2)

Pesquisador barbudo, usando macacão colorido, entra no Cedoc e senta-se à mesa ao lado de um casal e uma menina pequena. A garotinha olha para o pesquisador encantada e exclama, bem alto: “Puxa, você parece um espantalho”.
  

Na Discoteca

Usuário pergunta ao bibliotecário se tem gravações de Maria Callas, ele responde que sim e vai mostrar o local. O outro usuário, ao lado, corrige o primeiro: “Não é assim que se pronuncia, é Mariah Carey”.

Na Videoteca (1)

Anos 80, menino de rua, sentado no chão, assiste, muito atento, a uma videogravação. A Coordenadora fica curiosa em saber de que filme se trata, chega, pé ante pé e descobre: uma gravação do Ballet Bolshoi, dançando O Lago dos Cisnes.

Na Videoteca (2)

Copa do Mundo no Brasil. Setor de Audiovisual lotado de argentinos, deitados nas almofadas, vendo filmes e dormindo. Rotina diária, iam ao Restaurante Popular e entravam duas vezes na fila para tomar dois cafés da manhã, almoçavam e depois tiravam uma soneca depois do filme na Biblioteca Pública. Perfeitamente aclimatados.

Na Biblioteca (1)

Biblioteca lotada.
Casal jovem para na entrada e o rapaz decreta: “Nó, a biblio tá bombando”.
No Setor de Referência, um rapaz assustado pergunta ao bibliotecário: “Tem a biologia do Cabral? ”. Este tenta negociar a pergunta enquanto atende dois escolares e se atrapalha, entregando as obras trocadas. Quando se dá conta do erro tenta corrigir e encontra os meninos copiando furiosamente os textos errados.

Na Biblioteca (2)

Biblioteca antiga, prédio muito bonito, com rica arquitetura interior.
Mulher para na porta, ajoelha-se, faz o sinal da cruz e vai embora.

Em Evento

Reunião de Ativistas Feministas, os filhos ficam aos cuidados de arquivista, contadora de histórias. Ela distribui balas e começa a contar uma história famosa, de Niterói, sobre uma menina que foi enterrada pela madrasta e desenterrada pelo pai. As crianças escutam, desconfiadas e uma delas pergunta: “Essa história não é de verdade, não é? A arquivista diz que não é verdade e tenta explicar a diferença entre fantasia e realidade. Mas uma das meninas corta: “Se você está contando mentira eu não quero as suas balas”. E sai da sala.

No Museu

Atividade de educação ambiental com crianças. Uma delas extremamente bagunceira, perturba os trabalhos. O educador aponta para ele e diz: “Vai ser meu ajudante, faça o que eu disser”. O menino se acalma e aguarda ordens. Escuta-se uma vozinha de menina: “Isso não é justo”. O educador baixa os olhos e pergunta à garotinha: “O que não é justo?”. Ela, cruzando os bracinhos e fazendo beicinho: “Nós todos queríamos ser ajudantes do Tio e o Tio escolheu o mais bagunceiro”. O educador olha a menina nos olhos, fica de costas para as outras crianças e pisca, cúmplice para ela: “Ele estava distraindo vocês, precisava ficar ocupado para vocês poderem participar, tudo bem?”. A menina descruza os braços e balança a cabeça para cima e para baixo. E a atividade começa.

No Teatrinho Infantil

Encenação de Aladim e a Lâmpada mágica. Aladim engana o gênio e o prende na garrafa. A criançada protesta, não pode, não pode, mentiu para o gênio. O ator tenta convencer a pirralhada que o gênio era mau, tinha que ser contido, Aladim tinha que se proteger. Não, não, está errado. O elenco confabula e decide mudar o final da peça. Aladim faz o gênio prometer cumprir que nunca mais vai agir errado, ele promete e é libertado. Os erezinhos ficam muito felizes, todos em paz.



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