Você andando na rua, sente um pingo de água na cabeça. Pensa
que é pingo de ar condicionado. Olha para o céu, vê nuvens pretas, ouve um
trovão. Percebe que é chuva. Apressa o passo e decide o que fazer, abrigar-se
numa marquise, chegar ao Metrô, tomar chuva.
Nessa historinha, o pingo d´água é o dado. A percepção da
chuva é a informação. O medo de se molhar e pegar gripe é o conhecimento. A
decisão de como se abrigar é a sabedoria.
Um exemplo, no reino animal, o relacionamento cangambá e
urso.
O cangambá é parente muito próximo do zorrilho (RS) e da
jaguaritaca (MG). Possui no corpo uma reserva de um líquido catinguento, tão
forte que é usado como fixador de perfume e que pode ser lançado no oponente,
num alcance de até 3 metros. Se acerta, o inimigo sempre desiste da luta.
Mas o cangambá só usa esse recurso quando falham todos os
avisos que dá, como escavar o chão, dar pulinhos e cambalhotas e principalmente
exibir as listras brancas na cabeça, dorso e rabo, que avisam que possui o tal
líquido. Tudo para que o predador desista. Isso porque o cangambá só pode usar o líquido três vezes seguidas. Depois disso,
são necessárias dez horas para recompor o estoque do produto, tempo em que fica
muito vulnerável.
Já o urso tem um dos melhores sensos de
olfato no reino animal. Fareja longe o odor das frutas das quais se alimenta. Se
encontra qualquer animal no caminho de seu petisco, ele o elimina
imediatamente. Entretanto, sempre que avista as listas brancas do cangambá, ele
evita o animal, aparentemente lembrando-se do odor que uma vez sentiu.
Assim, não basta ao cangambá possuir uma arma
secreta, ele anuncia que a tem e evita usá-la inutilmente. Quanto ao urso, evita
confronto com um animal capaz de destruir, mesmo que temporariamente, seu
apuradíssimo olfato.
Assim: Animal de listas brancas = Dado;
Animal de listas brancas possui líquido catinguento = informação; Líquido
catinguento dura muito e destrói olfato= Conhecimento; Não atacar animal de
listas brancas com líquido catinguento= Sabedoria.
CENAS NA BIBLIOTECA
No Centro de Documentação (1)
O Coordenador Geral, historiador famoso e já bastante idoso, chama o
contínuo e dá-lhe a seguinte incumbência: “Vá ao Banco X, Banco Y e Banco Z,
faça esses pagamentos e retire esses cheques. Volte antes do meio dia, que
pretendo viajar. O contínuo responde: “É ruim, hein?”. O historiador, perplexo,
pergunta: “Como? ”. O contínuo repete: “É ruim, hein?”, dá de ombros e sai. O
historiador chama a bibliotecária: “O que ele quis dizer com “É ruim hein?” A
bibliotecária responde: “Bom, eu acho que que ele quis dizer que o senhor lhe
deu muitas incumbências diferentes em diferentes bancos, hoje é dia 10, dia de
pagamento, as agências estão lotadas e ainda por cima o senhor pediu que ele
voltasse antes do meio dia. Ele acha difícil conseguir, mas vai tentar”. O historiador,
perplexo, exclama: “E ele disse isso tudo com três palavras e um gesto? É
espantoso! ”.
No Centro de Documentação (2)
Pesquisador barbudo, usando macacão colorido, entra no Cedoc e senta-se
à mesa ao lado de um casal e uma menina pequena. A garotinha olha para o
pesquisador encantada e exclama, bem alto: “Puxa, você parece um espantalho”.
Na Discoteca
Usuário pergunta ao bibliotecário se tem gravações de Maria Callas, ele
responde que sim e vai mostrar o local. O outro usuário, ao lado, corrige o
primeiro: “Não é assim que se pronuncia, é Mariah Carey”.
Na Videoteca (1)
Anos 80, menino de rua, sentado no chão, assiste, muito atento, a uma
videogravação. A Coordenadora fica curiosa em saber de que filme se trata,
chega, pé ante pé e descobre: uma gravação do Ballet Bolshoi, dançando O Lago
dos Cisnes.
Na Videoteca (2)
Copa do Mundo no Brasil. Setor de Audiovisual lotado de argentinos,
deitados nas almofadas, vendo filmes e dormindo. Rotina diária, iam ao
Restaurante Popular e entravam duas vezes na fila para tomar dois cafés da
manhã, almoçavam e depois tiravam uma soneca depois do filme na Biblioteca
Pública. Perfeitamente aclimatados.
Na Biblioteca (1)
Biblioteca lotada.
Casal jovem para na entrada e o rapaz decreta: “Nó, a biblio tá
bombando”.
No Setor de Referência, um rapaz assustado pergunta ao bibliotecário:
“Tem a biologia do Cabral? ”. Este tenta negociar a pergunta enquanto atende
dois escolares e se atrapalha, entregando as obras trocadas. Quando se dá conta
do erro tenta corrigir e encontra os meninos copiando furiosamente os textos
errados.
Na Biblioteca (2)
Biblioteca antiga, prédio muito bonito, com rica arquitetura interior.
Mulher para na porta, ajoelha-se, faz o sinal da cruz e vai embora.
Em Evento
Reunião de Ativistas Feministas, os filhos ficam aos cuidados de
arquivista, contadora de histórias. Ela distribui balas e começa a contar uma
história famosa, de Niterói, sobre uma menina que foi enterrada pela madrasta e
desenterrada pelo pai. As crianças escutam, desconfiadas e uma delas pergunta:
“Essa história não é de verdade, não é? A arquivista diz que não é verdade e
tenta explicar a diferença entre fantasia e realidade. Mas uma das meninas
corta: “Se você está contando mentira eu não quero as suas balas”. E sai da
sala.
No Museu
Atividade de educação ambiental com crianças. Uma delas extremamente
bagunceira, perturba os trabalhos. O educador aponta para ele e diz: “Vai ser
meu ajudante, faça o que eu disser”. O menino se acalma e aguarda ordens.
Escuta-se uma vozinha de menina: “Isso não é justo”. O educador baixa os olhos
e pergunta à garotinha: “O que não é justo?”. Ela, cruzando os bracinhos e
fazendo beicinho: “Nós todos queríamos ser ajudantes do Tio e o Tio escolheu o
mais bagunceiro”. O educador olha a menina nos olhos, fica de costas para as
outras crianças e pisca, cúmplice para ela: “Ele estava distraindo vocês,
precisava ficar ocupado para vocês poderem participar, tudo bem?”. A menina
descruza os braços e balança a cabeça para cima e para baixo. E a atividade
começa.
No Teatrinho Infantil
Encenação de Aladim e a Lâmpada mágica. Aladim engana o gênio e o prende
na garrafa. A criançada protesta, não pode, não pode, mentiu para o gênio. O
ator tenta convencer a pirralhada que o gênio era mau, tinha que ser contido,
Aladim tinha que se proteger. Não, não, está errado. O elenco confabula e
decide mudar o final da peça. Aladim faz o gênio prometer cumprir que nunca
mais vai agir errado, ele promete e é libertado. Os erezinhos ficam muito
felizes, todos em paz.
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