Sempre me interessou saber de que maneira as pessoas viam a
profissão que escolhi, a de bibliotecária. Tive meus motivos para essa escolha
e me interessava saber o que motivara meus colegas a fazerem a mesma opção.
No meio acadêmico esse tema tem sido analisado
criteriosamente, com estabelecimento de categorias de estereótipos. Muitos
sites dedicaram-se a pesquisar e indicar que personagens famosos exerciam a
profissão, com a clara intenção de mostrar a diversidade de perfis.
Mas, apesar da Bat Girl ser bibliotecária e a mulher gato
ser livreira, ainda não havia um personagem central que exercesse a profissão
realmente e não apenas como disfarce de sua dupla personalidade.
Até que surgiu The Librarians / Os Bibliotecários / O Guardião”.
Trata-se de série de televisão
americana desenvolvida por John Rogers, transmitida pela TNT desde 2014 e também pelo Canal Universal. É um
spin-off de O Guardião (The
Librarian). De acordo com a sinopse, gira em torno
de uma organização antiga escondida sob a Biblioteca Pública Metropolitan, que
resolve mistérios impossíveis, combate ameaças sobrenaturais e recupera
poderosos artefatos de todo o mundo. Nos últimos 10 anos Flynn Carsen tem
servido como bibliotecário, coletando e protegendo esses artefatos e impedindo
que caiam em mãos erras. No entanto, seu trabalho tornou-se mais do que uma
única pessoa pode controlar. Para ajuda-lo, recrutou Eva Baird, uma agente
contra terrorismo altamente qualificada, responsável por proteger o grupo e
mante-los todos vivos, Jake Stone, um trabalhador do petróleo em Oklahoma com
QI de 190 e conhecimento enciclopédico da história da arte, Cassandra, uma
jovem peculiar com dom especial de alucinações auditivas e sensoriais ligados à
recuperação da memória, conhecida como sinestesia e Ezequiel Jones, um mestre
de novas tecnologias e aficionado de crimes antigos.
No começo de 2016 a terceira série foi gravada e o TNT
realizou uma marotona da primeira série. Para quem não sabe, maratona é quando
exibem diversos capítulos em um único dia.
Decidi conferir e vi dois capítulos. Daí pensei, isso dá uma
grande brincadeira.
Sem entrar no mérito da qualidade do filme, pois não
pretendo fazer crítica, anotei diversos pontos que me interessaram e
intrigaram.
Jogo para vocês fazerem o uso que quiserem:
Dos capítulos que assisti:
1) Personagens
saem dos livros e entram nos capítulos. Num dos que vi, saíram das estantes a
rainha de Copas da Alice, o monstro de Frankenstein e, da Tempestade, saia
Próspero, de Shakespeare,que se aliava a Moriarty, arquiinimigo de Sherlock
Holmes. Como os dois últimos são da classe 800, devem ter saído de estantes
vizinhas.
2) Os
bibliotecários são os heróis da série e seus poderes têm muito a ver com
estudo, pesquisa, observação, sagacidade. São criativos no combate aos vilôes.
Nos capítulos que vi, a Rainha de Copas impediu o caminho dos bibliotecários,
que a transformaram em um baralho (virou um objeto útil, não?). Já o monstro de
Frankestein foi vencido pelo afeto, os bibliotecários se apiedaram dele e
sugeriram que fizesse plástica no rosto e procurasse emprego nos esportes, já
que era muito forte.
3) O
buraco do coelho de Alice leva à Biblioteca. Lembrei-me que ela perguntou ao
coelho para onde ia um caminho, o coelho perguntou para onde ela queria ir, ela
respondeu Não sei e o coelho decretou: “Se você não sabe para onde quer ir,
qualquer caminho serve”.
4)
Os bibliotecários antigos encontram e escondem,
na Biblioteca, objetos mágicos, ao longo dos séculos. Nisso somos parecidos com
os museólogos, não?
5)
A biblioteca possui salas que estocam os grandes
mistérios. Volta e meia é preciso abrir uma delas para resolver um grande
problema. Cada vez que uma delas é aberta, o clima é de muita apreensão. Lembrei-me
da frase de Luis Milanesi, em Ordenar para desordenar: “Toda biblioteca é permanentemente perigosa e,
embora esteja sempre atrelada a agentes reprodutores da ideologia de Estado, é
o espaço que mais pode subverter a produção cultural. É uma bomba relógio que
pode explodir a qualquer momento, pois contém o elemento básico para a ação do
indivíduo - a informação. Ao ordenar os registros do conhecimento humano, a
biblioteca reúne discursos contraditórios e assim se torna uma fonte de conflitos,
um ninho de desordem. Explode o dogmatismo de um conhecimento único muito
próximo a fé e à verdade absoluta. Passa a incomodar as pessoas com o demônio
das possibilidades múltiplas”.
6) No
centro da Biblioteca está a árvore do conhecimento, cercada de diversas outras,
sem que se possa identifica-la. Próspero, aliado a Moriarty, quando não
conseguiu restaurar seu cajado mágico a partir dos fragmentos escondidos pelos bibliotecários, decide construir outro
com um galho da árvore do conhecimento. Para identifica-la, engana o
bibliotecário e rouba o galho. Para detê-lo, o bibliotecário não vê outro
caminho a não ser destruir a árvore. Seus companheiros, arrasados, questionam
se seria papel do bibliotecário destruir um conhecimento para evitar que caísse
em mãos erradas. Mas o bibliotecário os tranquiliza, afirmando que apontou
outra árvore, que não poderia ser a do conhecimento, uma vez que era tortuosa,
retorcida, muito antiga. E finaliza: Às vezes é preciso destruir para deter
determinados poderes maléficos. Assustador, não?
7) Uma
das salas da Biblioteca nunca foi aberta, ninguém encontra a chave. No seriado
isso é aceito com muita naturalidade, ninguém parece achar que é preciso entrar
lá. Alguns conhecimentos devem mesmo permanecer adormecidos?
8) As
salas da Biblioteca se reorganizam sozinhas, inesperadamente. Oh, céus, isso
nunca aconteceu com as nossas, mas como eu gostaria que fosse possível. Assim,
tipo a Feiticeira, de outro seriado antigo. Mas será que isso acontece com o
conhecimento?
9) Os
personagens declaram que a Biblioteca está cheia de objetos valiosos e
perigosos. Não sei se os bibliotecários e profissionais de apoio têm essa
consciência, gostaria que tivessem.
10) O
bibliotecário chefe foi um cavalheiro templário. Puxa, porque?
11) Num
dos capítulos, os bibliotecários têm que localizar uma informação. Encontram um
catálogo, que nenhum deles sabe usar. O não bibliotecário indaga: Você não sabe
usar o catálogo de busca? Êle responde: Não, mas estamos no século XX, não sei
ferrar cavalos também.
Para quem se interessar em ver os filmes, o site é este AQUI
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